segunda-feira, 14 de abril de 2008

trecho sem fim do livro sem nome

Tinha uma prazer secreto que era só dela, não sabia ao certo porque. Mas era algo que era dela, e só. Ela adorava túneis. Quando a Kombi entrava no túnel da nove de julho,seus olhos brilhavam e se desligava (automaticamente) daquela ela que detestava e que se esforçava tanto em esquecer sem sucesso. Olhava aquelas luzes que nunca se apagavam - ela sempre passava por ele de noite - não importa o que acontecesse elas sempre luziam,sempre. E ela abismava-se toda santa - ou profana - vez. Todo o dia via a mesma coisa:o mesmo túnel,as mesmas cores, as mesmas luzes, o mesmo barulho do motor, as mesmas risadas das mesmas garotas e das mesmas piadas, o mesmo cheiro, a mesma ela.

Isso eram detalhes.

Não tinha a mínima importância.Todo dia ela fazia questão de esquecer-se de já os ter visto.E se comportava com uma criança que ganhou o primeiro cachorrinho de estimação.

- Eu podia cê um pêxe...será que aquilo que eles falam sobre a memória dos pêxes é sério?Pensa só: toda vez que olhasse pro lado depois de algum tempo ia tomâ um susto ou fica dislumbrada sei lá, toda hora uma sensação velha que ia cê sempre como se fosse nova - no túnel eu sô pêxe dorádo!-

Um comentário:

marríe disse...

trate de me ligar, tratante