sexta-feira, 21 de maio de 2010

Filosofia barata de buteco

Num dia de nostalgia como hoje, me pego pensando sobre a saudade. O que é isso afinal? Sentimos saudades do que? Ela por exemplo, só me procura quando precisa de mim, quando está sem chão ou algo sim, e é só. Não é saudade de saber como eu estou, ou apenas saudade de mim, mas sim do que eu representei ou represento ainda...
Existe alguma saudade que não seja assim?
Existe alguma saudade genuína, e por genuína entenda: saudade de te ver ser, estar e só.
Creio ser impossível, ou talvez, pouco provável.
Poucas coisas há não mundo que não envolvam algum tipo de interesse. Temos saudades do que já precisamos um dia, ou do que ainda precisamos hoje, e como não conseguimos ter saudade do que falei porque isso não existe, associamos a necessidade com a pessoa que a preencheu, tentou, ou está preenchendo mas não aparece a um tempo( 30 mimnutos, 1 dia, 4 meses.isso é relativo.como tudo, aliás).
Saudade então pode ser traduzida como " a falta que você me faz" ou " quando vc não está, fica faltando um pedaço". Pois é, atpe chegar outra pessoa que o preencha, ou talvez isso não aconteça nunca e vc fica com a famosa " saudade do que não existiu".
De um jeito ou de outro, eu não gosto disso porque me soa oportunista, e talvez seja por isso que eu tenha tanta dificuldade em sentir saudade ou em responder " eu também" quando alguém diz que está, não que eu tenha atingido a iluminação e não sinta a saudade com a qual me revoltei acima, é só que falta mesmo eu conto nos dedos às vezes que já senti...Tenho percebido cada vez mais que somos sim seres essencialmente solitários, e que procuramos sempre em vão alguém que entre na nossa alma e traduza para nós o que se passa nessa infima complexidade que é o ser humano. Quero inventar um nova palavra para "queria agora poder te ver ser, mas você não está por perto". Talvez essa palavra seja mesmo saudade, nós é que a desviamos de seu real significado por conta da eterna carência que é ser.

domingo, 16 de maio de 2010

A Hermitã

Tem vezes que eu me doo muito. è uma dor profunda, quase ancestral, vem bem do fundo de algum dos poços escuros que se escondem dentro de mim. Cada lágrima um fanstama exorcisado, um abandono que volta.
Abandono.
Talvez em cada um desses meus poços escuros haja uma meninha orfã escondida. Talvez eu chore por elas. Talvez por mim, ou por nós. Ou pelos grandes espaços vazios ocupados por infintos gritos retraídos que esperam para de algum forma serem libertos.
Há tantos mares, tantas grutas, tantos medos. E há também espelhos que refletem as imagens de mim pra mim, só pra eu não esquecer, não esquecer nunca de onde eu vim, e que todas as escolhas tem um peso. Peso esse que não levo nas costas, mas que faço questão de ninar no colo como a primeira vez que se nina o primeiro filho.
Assim frutifico.
E dessa árvore de mim saem galhos, muitos galhos, e deles nascem músicas, deles nascem gritos, deles às vezes só nascem folhas, surpreendentes folhas verdes que me lembram que sou. E só.
Só estou,
Sempre sou,
Sempre estou,
Só.
Só como uma grande cerejeira de muitos anos que as vezes se enfeza e não quer dar cerejas porque não quer se desfazer delas depois.
Ninguém é substituível.
O corpo marca. Cada traço e diferente do outro por mais que o mesmo traço.
Complexas, complexas palavras, complexos sentimentos, complexos eus. Complexas efemeridades desconexas.
Dentro de mim faz frio, muito frio.

[ talvez dentro de cada uma de nós haja um flor de aço]


Dentro de mim eu nasço.
Dentro de mim eu voo.
Quanto mais pro infinto vou, mas infinito acho.
Quantos tons de cinza a vida deve ter?
Estão nascendo espçaos em mim, espaços disfromes
Espaços de cinza
Espaços de cores
Ocupem me!
Ocupem me de flores!
Inteira de flores que as flores são simples!
Que flores são simpls,
que as flores são plenas.

[ É preciso comer. Não só de poesia se vive.]

Comer pó
e cinza.
Beber sangue.
Comer tinta
e dores.

Acho que estou com medo. De mim.